quarta-feira, 23 de junho de 2010

Saramago

SARAMAGO
Um Labutador ou um Provocador?
J. Jorge Peralta

Defendeste a pátria? Cumpriste o teu dever.
A Pátria foi ingrata?! Fez o que costuma fazer
.”
(P. Antônio Vieira)

            1.  Um Homem Paradoxal
O aguilhão de Saramago talvez nos faça falta. Poderemos não concordar com ele, em algumas de suas diatribes polêmicas, no entanto, não podemos negar sua coerência de homem livre. Por outro lado, ele carregou consigo um grande mérito: Suas posições políticas, como cidadão, não interferiram em sua obra: não fez literatura partidária.
Politicamente, no entanto, teve atitudes, para muitos, abomináveis. Ninguém é perfeito... Até dos seus erros podemos tirar ensinamento.
Saramago com sua vida e obra, com seus defeitos e virtudes, estará no Panteão da Lusofonia, quer queiramos quer não.
No Panteão da Lusofonia não cabem ódios nem rancores. Saramago não colocou ódios ou rancores na sua obra. O tempo o absolverá de seus erros políticos. Restará sua obra. Esta o elevará.
Acredito que está na hora de Portugal redescobrir Saramago, sem preconceitos, como um de seus filhos amados, apesar dos pesares.

2. Saramago foi um homem e um artista que teve como seu grande mérito, o seu esforço por acordar a sociedade de certa letargia: provocou as pessoas para que refletissem, em busca da consciência do ser. A rejeição que ele teve faz parte dessa tomada de consciência...
A incredulidade que ele tanto propagava, acredito que faz parte de seu processo de provocação à sociedade para que sua fé não seja em decorrência de uma tradição formal, da inércia e de uma vontade de ser igual e de não destoar do meio em que convive.
Talvez uma afronta, subconsciente, ao “pensamento único” e “inquestionável” que move ações e atitudes, mas não move corações, convicções e sentimentos coerentes, e conscientes.
Não move o espírito.
Suas polêmicas acordaram muita gente. Ribombaram como trombetas...
Mas as pessoas não gostam de ser “perturbadas”, como os homens não gostam de ir ao médico.

Mesmo quando acusou Deus e todas as religiões, por todos os males e misérias do mundo, por todas as guerras e maledicências, provocando um grande terremoto de agressões e contestações e constrangimentos, acredito que foi mais um ato provocativo de bom resultado. Fez as pessoas pensarem e reagirem. Despertou consciências.
Acordou os que estavam sonolentos, “estagnados”, no átrio das igrejas.
Ajudou a curar a cegueira de muitos...
Até o seu último romance, “CAIM”, com todas as suas inconsistências, foi uma obra que, socialmente, deixou um saldo positivo. Provocou uma grande corrida à Bíblia, para conferir os textos originais...

3. Sejamos Críticos, mas não Injustos
Podemos e devemos ser críticos, mas não injustos. Não podemos demonizar as pessoas.
Podemos não concordar em tudo o que Saramago agitou, mas não podemos deixar de reconhecer o valor de sua lealdade a princípios, até quando abala alguns dogmas da Igreja. Até quando venerou o “bezerro de ouro” do poder despótico e deletério de seu país, que nos causa repugnância.
Naturalmente podemos discordar de muitas de suas posições, mas não podemos deixar de dar valor à sua bela história humana.
Tanto política como literariamente, Saramago foi um homem coerente. Nunca temeu perder leitores com suas atitudes. Isto ninguém pode negar. Foi um homem de coragem. Ao contrário de muitos que o criticaram...
Saramago foi um homem simples. Um homem dedicado à sua obra.

4. Vai-se o homem, fica a obra. Devemos perdoar-lhe (?!) alguns de seus eventuais desvios, mas não podemos de deixar de apreciar o difícil percurso, seguido por um homem humilde de nascimento, que conseguiu subir todos os degraus da fama e encantar milhões de pessoas, com mérito e qualidade. Saiu do anonimato, para se projetar na história, como um vencedor que, com sua obra literária, deixou o mundo mais belo.
Acredito que não vendeu sua alma ao diabo... Se vendeu, recuperou-a.

Já vi pessoas lendo Saramago nos lugares mais inesperados, como em praias do Brasil, em banco de praça e nos metrôs de Lisboa... etc, etc.
Foi um grande escultor da frase e um genial contador de histórias.
Diz uma grande crítica literária brasileira:
Com ele, a Língua Portuguesa readquiriu, ao mesmo tempo, a majestade de um Vieira, o humor de um Eça de Queirós e a beleza poética de Pessoa prosador” (Leyla Perrone-Moisés).
Chico Buarque fala de Saramago como “um ser humano admirável, um escritor imenso, um zelador apaixonado da Língua Portuguesa”.

Sei que estas ideias são uma reviravolta naquilo que muitos pensam em Portugal sobre Saramago.
Precisamos repensar sempre nossos conceitos, quando surgem novas luzes. Não nos fechemos à luz, como as ostras.

5. Saramago no Brasil
José Saramago tinha profunda estima pelo Brasil, que muito admirava.
No Brasil tinha e tem muitos milhares, talvez milhões de admiradores. Aqui veio muitas vezes. Sentiu o coração do Brasil palpitar no ritmo e com a força do coração português. Era e é o autor mais vendido da etiqueta literatura estrangeira. Aqui falou sempre bem de Portugal.
Do Brasil dizia:
Somos gente da mesma família,
de uma mesma língua,
de uma mesma cultura que é, embora diferente, a mesma”.
Para ele, o Brasil e Portugal estavam fadados a viverem unidos.
Saramago sempre se sentiu muito bem, entre os brasileiros, que retribuíam com grande carinho. O Brasil é um novo Mundo.
No Brasil encontrou o céu em vida. Foi muito amado, aqui. Porque ele era muito bom. Mas nem todos souberam ver o que ele nos oferecia...
Em Portugal Saramago foi muito antipático. Isto é questão circunstancial; não diminui o valor de sua obra e de sua vida.
Precisamos apreciá-lo com certa objetividade, desapaixonadamente, para não sermos atropelados pela história. Saibamos que a realidade tem muitos ângulos, e não só um.

6.  Saramago vai ao Paraíso
Até Deus Pai, lá do Céu, quando Saramago chegou, foi recepcioná-lo à porta, junto com São Pedro, o homem das chaves.
Deu-lhe as boas vindas, com um grande abraço.  E ele encabulado... sem dizer nada...                                    
Tinha aqui na terra, falado muito mal de Deus e do seu Cristo! O Pai logo atalhou: filho, eu ausculto os corações... Quando falavas mal de mim, criticavas o que eu não era e não a mim. Criticavas porque amavas o que eu sou. Eu sou justo e generoso. Sou a Sabedoria.
Muito do que fizeste, às vezes por caminhos tortuosos, fez as pessoas pensarem e acertarem suas vidas. Tiraste muita gente da monotonia e da inércia.
As pessoas te criticavam mordazmente e com razão; mas fizeste-as pensar. Já te deram a pena que mereceste.
Vem comigo. Também aqui terás por missão provocar, em todos, um sorriso largo, com teu humor e teus paradoxos. Precisamos inovar sempre... Precisamos despachar mais sinais de esperança para teus irmãos, lá na terra de onde vens.

            7. O Grande Legado de Saramago
A vida e a obra de Saramago, o segundo Prêmio Nobel da Língua Portuguesa, têm algo de monumental que apela à nossa consideração.
[Nosso primeiro Prêmio Nobel foi o Médico, Dr. Egas Moniz, (1949). Um grande  homem.]
Quaisquer que sejam as nossas apreciações, Saramago é um imortal, em dimensões de literatura universal.
Saramago saiu da vida e entrou na história.
Na história ele continua vivo, em outra dimensão. Ninguém conseguirá tirar-lhe o que lhe pertence. Os méritos são dele.
Seus críticos vão e ele fica.

Agora cabe a nós fazermos a nossa lição de casa, sem preconceitos e sem simplismos.
Compete a cada um de nós detectar onde está os melhores tesouros que nos legou.
Se soubermos olhar, apesar dos percalços, o saldo é muito positivo. Merece o nosso apreço e a nossa consideração.
A posteridade, apagados os erros de percurso, saberá lhe fazer justiça, enaltecendo a sua imagem.

Não podemos repetir o que o país tradicionalmente fez com as pessoas que mais se destacavam no seu povo. Estas, de praxe, são renegadas por seus contemporâneos. O P. Antônio Vieira, um dos maiores ou talvez o maior sábio do século XVII denunciou este costume execrável, de que ele quase foi vítima.
É de Vieira esta frase constrangedora:
Defendeste a pátria?
Cumpriste o teu dever.
A Pátria foi ingrata?!
Fez o que costuma fazer.”
Lembremo-nos de que Camões, se não fosse a dedicação de seu escravo, teria morrido de fome. E que Pessoa também foi rejeitado por muitos, no seu tempo. Vieira, se não fosse tão sagaz, teria sido queimado pela Inquisição, e foi uma das maiores inteligências da História de Portugal e do Brasil, de todos os tempos.
Aguardemos o que o futuro dirá de Saramago. Ele ainda está muito vivo. Como estará daqui a 50 anos? Se ele merecer a glória, glória terá.

Nota: As fotos de José Saramago foram adaptadas do Jornal “Folha de São Paulo”.

África

ÁFRICA
Um Continente Consolida seu Futuro

José Jorge Peralta

            1. O mundo, do Ocidente ao Oriente, está, nestes dias, de olho na África negra e morena.          A Copa do Mundo, faz da África o centro do mundo. Palmas para a África!
A África do Sul conseguiu um grande trunfo para a humanidade, ao colocar os holofotes do mundo, no Continente Negro.
Foi lá que Bartolomeu Dias abriu o Portal  da história, para dar partida à unificação do mundo, do Oriente  ao Ocidente, quando passou o Cabo das Tormentas, (1488), depois chamado Cabo da Boa Esperança. O fato paradigmático foi perpetuado em granito, para a eternidade, nos Lusíadas de Camões e em estátua, na Cidade do Cabo, perto de Johannesburgo.
Penso que esta geração não pode passar, sem que a África seja reconhecida como um Continente magnífico, por sua cultura, por sua gente e pela produtividade e beleza do seu território e de seu povo.
Então o Continente Africano será reconhecido e honrado, ao lado da Europa, das Américas, da Ásia e da Oceania, em pé de igualdade.
A África é um Continente belo e promissor. Um Continente encantador, que eu ainda não tive o prazer de conhecer (Vontade não faltou).
A África como todos os Continentes, é um perene desafio, a consciência e à competência das pessoas para que tratem e cooperem mutuamente como irmãos. Enquanto um povo não souber tratar os outros povos com dignidade e respeito, não haverá paz mundial.

2. O mundo Ocidental precisa reconhecer que o Continente Africano merece todo o respeito, não por favor mas por direito. Que os países da África não podem ser tratados como simples fornecedores de minerais preciosos, de terras férteis, de mão-de-obra e de espaço de manobra para as grandes potências. Deve ser considerado como grande parceiro.
Atrocidades gratuitas como as que capitaneou o Rei Leopoldo, da Bélgica, são holocaustos repugnantes. Como são  repugnantes os holocaustos  comandados, por chefes africanos, dizimando tribos  mais frágeis  em forças,  de que os Anais da História  registraram com horror. O passado passou. Vamos construir o futuro, já, sem ressentimentos, decididamente.

3. No Brasil, os portugueses, com os africanos, criaram um país multirracial e miscigenado. Aqui, negros e brancos, convivem em paz, tal qual os brancos entre si,  onde não faltam rusgas eventuais, naturais entre os humanos: entre brancos e brancos, negros e negros, entre brancos e negros e entre negros e brancos... Assim caminha a humanidade...
Mas existe aqui um espaço muito mais amplo e alvissareiro de solidariedade, fraternidade e generosidade, de parte a parte, sem radicalizações autoritárias.
Aqui, brancos e negros se cruzaram, dando origem uma quinta cor na espécie humana: a cor morena, como dizia Darcy Ribeiro.
Hoje temos, no mundo, cinco “raças”: brancos, negros,  morenos,  amarelos e vermelhos.
O moreno tem uma cor definida de que deve  poder se orgulhar, e assim deve ser classificado. Ele não é branco, nem é negro. É moreno com muita honra.
Moreno com muita honra.
O mundo moreno é marca  da Lusofonia.

No tempo da colonização, os morenos, descendentes de brancos com negros, eram considerados brancos.
A pessoa que tinha qualquer porcentagem  de sangue branco era, diante da lei, considerada branca. Esta era a norma, geralmente respeitada.
Por esse modo de ver, considerando o negro a par do branco, tivemos um dos maiores gênios  de pensamento de todos os tempos, no século XVII, o Pe. Antônio Vieira, neto de negra. Vieira foi e sempre será um gênio moreno que espantou o mundo do século XVII com seus talentos e com sua sabedoria, de Salvador à Lisboa, Roma, Paris, Londres, Amsterdã, etc, etc.

No século XVII, o mesmo P. Vieira declarava, em Cabo Verde, que os padres negros  eram melhores  e mais dedicados  do que muitos dos padres portugueses  do Reino.

4. O Brasil desenvolveu um país multirracial, numa  convivência muito positiva de que só pode se orgulhar, assim decantado por Gilberto Freyre, grande admirador da África, dos africanos  e dos moremos, fruto da auspiciosa miscigenação.
Os laços Brasil-África sempre foram muito intensos e positivos.
Eram tais os laços que uniam Brasil, Portugal e a África  que, ainda no século XVI, estando Angola invadida pela Holanda, como esteve todo o Nordeste Brasileiro, deu-se um fato emblemático. Depois que expulsaram os holandeses do Brasil, portugueses, negros, índios, após reequiparem a frota, saindo do Recife, atravessaram o Atlântico, e foram a Angola expulsar os holandeses, invasores, para que Angola ficasse livre. Cumpriram a missão com sucesso e muita audácia.

Foram os Africanos, juntamente com os portugueses, quem mais fez pelo desenvolvimento do Brasil, nos três primeiros séculos. Desenvolveram o Brasil a ponto de ter condições de se tornar cabeça de um grande Império, com  a vinda de D. João VI, que aqui instalou o poder central do Império Português, em 1808, há duzentos (200) anos.
 A África tem uma presença inapagável e bela na história do Brasil e de Portugal.

5. A obra de civilização, com os laços multirraciais e miscigenados, marcou a ação portuguesa, nos cinco continentes.
Na África e na América do Sul está a grande força da Lusofonia.
Dos oito países, de raiz e fala lusófona, cinco estão na África: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe.
A Lusofonia a todos reúne a cada momento, através da língua comum.
A África faz parte de nós e nós fazemos parte da África. Somos continentes e países irmãos. A Lusofonia nos une e nos irmana.
No Brasil convivem e trabalham, em paz, pessoas de todos os povos da terra.
Irmãos de sangue, de cultura e de trabalho.

6. Na Copa do Mundo, na África do Sul, estarão torcendo por Portugal e pelo Brasil as cinco (5) nações Lusófonas e muitas outras nações onde vivem milhões de portugueses e lusodescendentes, por toda a África. Torceremos uns pelos outros.
As bandeiras do Brasil e de Portugal estarão hasteadas em muitos lares, por todo o globo. Em muitos lares e em milhões de corações estarão desfraldadas as bandeiras da Lusofonia.
A África orgulha-se da Lusofonia e a Lusofonia orgulha-se da África.

7. A África tem tudo para ser um Continente de primeira linha, na história do mundo. Mas precisa saber implantar um processo de desenvolvimento que pense na prosperidade econômica, sem se descuidar da qualidade de vida das pessoas, da educação do povo e da preservação do meio ambiente sadio.
Lá onde erraram os países, que fizeram o desenvolvimento atual, a qualquer preço, por adotarem o capitalismo selvagem, a África pode usar a  lição para não repetir  os erros evitáveis. Assim, poderá aproveitar o que de melhor  lhe oferece  o modelo de desenvolvimento atual, tanto no Ocidente como no Oriente. Poderá então evitar tudo o que compromete o futuro de seu povo e da humanidade.
Sabemos que não se faz um omelete sem quebrar alguns ovos, mas também sabemos que, se quebrarmos  todos os ovos, não termos  mais galinhas para continuar a botá-los. Não podemos matar a “galinha dos ovos de ouro”.

Apesar de todos os desvios conhecidos, apesar da escravidão, o Brasil e Portugal são exemplos de respeito à África e aos africanos. São parceiros leais, com alguns malandros como contrapeso...
Os desvios foram  questões de percurso que já foram superados. Olhamos para frente...

8. O nosso povo brasileiro, branco ou moreno ou negro, amarelo ou vermelho precisa redescobrir  a  África, que convive em nosso meio. Aliás, já estão descobrindo. Somos povos entrelaçados, pelo sangue,  pela cultura e pelo destino.
Brancos, negros, amarelos ou vermelhos somos uma cultura miscigenada.
Somos todos, culturalmente morenos, como brancos e negros.
Brancos, negros, morenos, amarelos ou vermelhos, vivemos todos com respeito e liberdade, neste país. Esta é a norma do país. Desvios de discriminações também existem. São as falhas da condição humana.

9. O que nos falta aos lusófonos, é uma cultura mais consistente, universalista e local, para sermos um povo mais consciente, competente e atuante. Para nos sabermos impor, no contexto das nações.
Sem uma educação melhor, sempre seremos vítimas de  um pensamento frágil, volúvel e trivial. Não sabemos o que somos ou quem somos e quanto podemos.
Somos uma potência que se desconhece. Por isso nem sempre somos livres e soberanos. Não alcançamos todos os resultados que poderíamos desfrutar, no contexto das nações.
Somos vítimas dos fabricantes de armas que compramos para nos matarmos mutuamente...

A cultura de nosso lado africano, no Brasil, articulado com o nosso lado europeu, indígena e asiático, respeitando as dimensões de cada uma das nossas heranças étnicas e culturais, faz parte do processo de conquista  de um mundo melhor para o nosso povo. Elevar à cultura e o bem-estar do nosso povo é elevar a humanidade.
O grande elo que une fortemente os povos lusófonos é a Língua Portuguesa.
Na Língua Portuguesa,  a gente  se entende. Nela nos encontramos e interagimos.
Os laços que unem Africanos, Brasileiros, Portugueses, Asiáticos e Oceânicos de Língua Portuguesa são sólidos; são culturais, familiares e muito mais fortes do que os laços econômicos e políticos, que são apenas estratégicos e sempre se fazem presentes.
A Copa do Mundo de 2010 deu a voz e a vez à África, em boa hora.
Sobre a Língua Portuguesa, leia mais em: O Grande Despertar... (clique)


10. Certamente Angola e Moçambique, com o grande progresso sócio-cultural e econômico que já desponta, estarão se preparando para sediar uma das próximas Copas, quando for de novo a vez da África.

Daqui de meu escritório, em São Paulo-Brasil, a maior cidade do Ocidente, a maior cidade Lusófona do mundo, saúdo efusivamente todos, os Africanos de todos os quadrantes, com destaque mais carinhoso para os povos africanos lusófonos, com os quais compartilho o mesmo sangue linguístico e a mesma fé num futuro mais promissor.
Na Lusofonia somos irmãos, sem distinção de cultura  ou de cor.
A Lusofonia nos faz universais nos cinco continentes.
Leia mais :




quinta-feira, 10 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Homenagem

Homenagem Especial
Ao Prof. Darcy Corazza

J. Jorge Peralta
O Prof. Darcy Corazza tem o nome vinculado a inúmeras realizações, que marcaram época, na PUC de São Paulo – nos áureos tempos da JUC, e como psicólogo, em sua clínica, e ainda como professor universitário e como homem dedicado às grandes causas da humanidade e às causas da gente simples.
Ao lado de sua esposa, Profa. Maria Genésia Ávila, que Deus tenha, formava uma dupla cheia de entusiasmo, cheia de vida para viver e para repartir.
Era um casal cheio de graça, cheio de Deus, cheio de generosidade.
Compartilharam o pão de seu carinho e de sua palavra sábia, por onde atuaram.
Deus chamou a sua querida Ávila, para cuidar dos jardins e das luzes do céu e dirigir o coral dos anjos.
Ela gostava de dizer: “Oh! Quam bonum est et quam jucundum habitare fratres in unum” - Como é bom e agradável o encontro fraterno dos irmãos.

O Prof. Corazza continuou a tocar a vida e com coragem, disposição e persistência que todos conhecemos e admiramos.
É um homem iluminado, abençoado por Deus, uma alma ousada e incansável.
Corazza faz o que ama e ama o que faz. O entusiasmo vem-lhe da alma.
Com sua ação competente e persistente contribui efetivamente para o alvorecer, cada dia, de um mundo melhor.
Sofreu revezes, como todos sofrem, mas superou as dificuldades, com galhardia. “É no crisol que se purifica o ouro”. As dificuldades acrescem seus méritos.
Neste ano, com seus inúmeros amigos, comemora o seuoctogésimo aniversário, com grande alegria.
Corazza, aluno da primeira turma, é o primeiro Ibateano que chega aos 80 anos. Oitenta anos bem vividos e que frutificaram cem por um.
Ad multos annos viva!”
Darcy Corazza e Ávila foram amigos, muito queridos, de minha família. Foram padrinhos do nosso primeiro filho, Daniel. Lembro o fato porque todos os anos, no dia 25 de Abril, há 34 anos, o compadre Prof. Darcy Corazza, infalivelmente, liga para a nossa casa, para cumprimentar o seu afilhado pelo seu aniversário. O seu telefonema deixa o dia mais ensolarado, por estas bandas. Enquanto a querida e saudosa Ávila enchia o ambiente, com seu sorriso generoso e contagiante, comemorávamos o aniversário “in unum”.

Por esses laços fraternais e ad perpetuam rei memoriam, com muita alegria, publico aqui uma foto do dia do batizado do Daniel, no Jardim da igreja. Na foto o Prof. Darcy Corazza, a Profa. Maria Genésia Ávila, a Inez, com o filho Daniel e este cronista.

Peço licença ao amigo Joel H. Barbieri para transcrever sua bela quadra:
Que o Senhor lá das alturas,
Sobre o Corazza e seus planos
Esparja multiventuras
Nestes seus oitenta anos
(Publicada no Echus do Ibate, nº 106)

Vieira



       
ANTÔNIO VIEIRA,
Um Guerreiro do Humanismo

I - UMA VOZ ETERNA COMO TROMBETA

Vieira uma voz que não se cala

       1.1 Em 2008 celebrou-se no mundo inteiro o 4º Centenário de nascimento do Pe. Antônio Vieira, um dos maiores oradores de todos os tempos, glória do Brasil, de Portugal e do mundo civilizado.
       Quem honra os seus grandes beneméritos, honra-se também a si mesmo.     Celebra suas raízes e consolida a própria identidade cultural que a modernidade vai fragmentando.
       Quem encontrou Vieira no seu caminho jamais o esquece.
       Vieira é um autor clássico de primeira grandeza da Língua Portuguesa. É um mestre que sempre ensina e com quem o leitor sempre aprende. Os clássicos são para sempre.

       1.2 Nascido em Lisboa, em 6 de fevereiro de 1608, faleceu no dia 18 de julho de 1697, em Salvador (Bahia), com quase 90 anos.
       Veio para o Brasil com seis (6) anos de idade. Aqui viveu 52 anos de sua longa e operosa vida. Os demais 37 viveu-os na EUROPA, sempre exercendo missões de alta relevância, para seu país, em Lisboa, Roma, Roterdã, Amsterdã, Paris, Londres, Barcelona, Florença, etc.

       Atravessou sete (7) vezes o Atlântico, no tempo em que as viagens marítimas eram arriscadas aventura.
       Foi um gênio de duas nações: do Brasil e de Portugal.
       No Brasil viveu mais no Nordeste e no Norte, entre a Bahia, Pernambuco, Maranhão, Pará, Ceará, Piauí, Espírito Santo, Alagoas, etc.

       1.3 O grande legado de Vieira:
       - a produção de alguns dos mais belos sermões da história do ocidente;
       - seu espírito de justiça, sua sabedoria;
       - a luta contra os abusos da Inquisição e ações em defesa dos índios e dos negros, da liberdade das pessoas, dos direitos humanos e da dignidade humana.
       - Legou-nos uma imensa fé e esperança no seu país e no seu povo, veiculadas através de magistrais utopias.
       - Foi o profeta da Identidade Nacional que queria ver consolidada para sempre. Pensou um mundo solidário, desde a consciência cívica da pessoa, articulando a vida nas comunidades, nas nações e em toda a humanidade;
       - Criou o conceito de Praça Universal, talvez à imagem e semelhança da ÁGORA grega, onde o povo se reunia e resolvia seus problemas coletivos;
       - Vieira é, com todas as honras e com justiça, um dos imortais da nossa História – um dos Pais da Pátria.
       - Foi um lutador sábio, ágil, dedicado e incansável. Foi um grande artista da palavra. Sua obra continua viva e atual.
       - Deixou-nos como herança uma obra monumental. A linguagem de Vieira é convincente e penetrante. Às vezes é provocante.
       - Foi um diplomata, defensor de seu país e lutador pela integridade do Brasil contra os invasores holandeses.

       Vieira foi um homem carismático, um homem iluminado com luz muito intensa e muito especial. De quando em quando seus discursos parecem expargir lampejos de fogo ou raios de intensa luz.
       Vieira pôs toda sua vida, inteligência e talentos a serviço da humanidade. Atuou em todas as classes: entre os nobres, príncipes, reis, cardeais e papas e entre as pessoas mais simples. Conviveu com rabinos, empresários e negociantes. Deixou um mundo bem melhor com a herança que nos legou.

       1.4 Vieira, mesmo pregando na Amazônia do séc. XVII, estava falando para o mundo e para a posteridade, para as gerações futuras.
       A voz de Vieira o tempo não cala: Vieira é uma voz eterna, pela dignidade humana, pela justiça, pela solidariedade e pela liberdade.
       Seus eternos Sermões ainda ecoam nas catedrais e por toda a parte, nas cidades e choupanas e entre montanhas e vales. Ecoa até nos templos hoje em ruínas que ouviram a sua voz vibrante.
       Durante os seus 75 (setenta e cinco) anos de vida apostólica, pregou muitas centenas de Sermões. De todos os Sermões que pregou, legou à posteridade 206, escritos.
       Vieira é presença frequente em aulas magnas e em discursos acadêmicos, políticos e jurídicos. Independente da crença de cada um, Vieira fala e serve a todos, pela força e pela veemência de sua linguagem.
       Vieira, como os grandes pensadores da humanidade, é presença obrigatória nas estantes dos intelectuais de qualquer religião ou tendência ideológica. É um mestre admirável.
       Vieira pôs todo o seu entusiasmo e paixão em tudo o que fez. Foi um homem sábio, de uma produtividade quase inacreditável.
       Em Vieira revivemos e redescobrimos os valores perenes que sustentam a dignidade humana.
       Muitos quiseram calar a voz de Vieira, já desde seus contemporâneos, na Inquisição, no Pombalismo e até nossos dias. Não conseguiram. As forças da luz são mais fortes do que as forças da escuridão, da intolerância discriminadora e da ignorância.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Convite

COMUNICADO – CONVITE
Um Websítio à Procura de Parceiros


            1. Por caminhos um tanto quanto inesperados surgiu a ideia de um site dos amigos do Central do Ipiranga.
            Minha turma é da década de 60. Mas como, no Ipiranga, havia “um só coração e um só espírito” (?!) “Et pluribus unum, no “Arcadas do Ipiranga” o espaço é aberto a todos os ipiranguenses que nele quiserem se encontrar.

2.  Feito o molde inicial que está aqui, resta convidar o Professor Cordão e a sua turma dos Grandes Encontros Anuais para saber se aprovam a ideia. Isto eu farei pessoalmente em seguida. Por enquanto só ideias em esboço.
Com os parceiros faríamos o site todos juntos como um Conselho em igualdade de condições, sem donos nem senhores, como um serviço à comunidade, como todos sabemos fazer.
O meu escritório poderia gerenciar as postagens. Outros também poderiam assumir. O importante é que funcione, enquanto temos muita vida, muita energia, e saúde razoável.
Nota: Se quiser propor alteração a este texto, fique à vontade.

Comunique-se pelo e-mail:

Forças

FORÇAS E FRAQUEZAS DA IGREJA
Pedofilia, Um Caso Mal Ajambrado
José Jorge Peralta
I - ALEGRIA, ESPERANÇA E OUSADIA
1. Falo neste estudo, de uma Instituição admirável e paradoxal: tem forças de gigante e fraquezas e debilidades de ovelha no pasto, vigiada por lobos. Abordo este assunto, excepcionalmente, pois este é hoje um foco secundário em minhas reflexões. Falo por apelo interior, não esperado.
Por longos 70 dias o tema tomou conta de minha mente, exigindo atenção total. Senti que o texto adquiria dimensões de algo que vem para ficar; para marcar posição para a posteridade, num momento inspirador e instigante.
Falo, da perspectiva de um cidadão, a quem tudo o que é humano sempre interessa.
Dediquei a este ensaio a mesma atenção que se dá a um filho.
As ideias que aqui exponho são desdobramentos de um longo trabalho que redigi: “Abalos na Igreja, Crise na Humanidade”, publicado no site blogue: www.alfa8omega.blogspot.com
Falo, com respeito e ousadia, da Instituição mais antiga do Ocidente, a Igreja de Cristo. A Igreja que tem, como força matriz, a doutrina do Evangelho; uma doutrina que deslumbrou o mundo.
Cristo, na História, foi o ser humano que maior influência exerceu na humanidade, por sua doutrina de valores: a dignidade da pessoa humana, e a interação entre os humanos, com a superação dos egoísmos e da selvageria. Deu ênfase à alteridade: “amai-vos uns aos outros...” Insistiu na cooperação mútua e no altruísmo. Falou por palavras e atitudes. Foi convincente. Teve credibilidade.
Deixou uma mensagem de esperança para toda a humanidade, que já estava nas suas cogitações: “ide pelo mundo inteiro”. Almejou a fraternidade universal. Foi contundente: “Sede mansos... sede astutos ...” “Saiam (...) vocês fizeram do Templo um covil de ladrões...”
Falo de uma Instituição que, em nosso País, tem uma história de belezas extraordinárias. Um paradigma mundial na construção da sociedade. É uma instituição viva, audaciosa e dinâmica. Está presente e atuante no mundo inteiro. É uma Instituição muito bela, amável e generosa. Mas tem alguns senões, algumas falhas ou imperfeições que precisam ser corrigidas. São falhas humanas.
Falo de uma Igreja que, através de sua história, prestou serviços de tal monta à humanidade que bem pode ser considerada o patrimônio imaterial maior de toda a Civilização Ocidental.
Ela difundiu no mundo a lei do amor, a solidariedade, a fraternidade, o respeito mútuo, a dignidade humana e a espiritualidade. Alegria e esperança é a sua bandeira, na tempestade e na bonança.
Para ser mais eficiente e consistente a sua ação, precisa contar com um corpo de consultores humanistas independentes do mundo inteiro, de todos os ramos da ciência e das artes, que exerçam o poder da crítica leal e consistente. Alguém que observe, do lado do povo, de fora da sacristia. Que mostre o outro lado da vida. Esta é uma regra sadia implantada nas grandes instituições, na atualidade, para não ficarem para trás. A vida do Cristão, com seus embates, é vivenciada na sociedade civil e não apenas nos templos.
Alguns paradigmas precisam ser revistos, com o passar do tempo, para se adequarem às mudanças da sociedade.

2. Mas a mesma Igreja, em contradição com os princípios do Evangelho, por fraqueza de alguns de seus representantes, também foi responsável por crimes bárbaros e execráveis, como as tristes tragédias da Inquisição e outras mais... “Abismo atrai abismo”
São os vícios humanos se aproveitando de uma Instituição de alta credibilidade, traindo seus princípios fundamentais. Consideraram-se seus donos e não seus serviçais. Daí o escândalo, os estragos e as dissensões.
Falo aqui, de uma igreja sempre em crise de mudanças, como toda a natureza viva e como tudo que é humano, tem momentos de Primavera e momentos de Inverno.
Os Cristãos Católicos, como todos os demais devem estar atentos à verdade. Saber ouvir críticas leais e razoáveis é dever de toda a autoridade. A verdade, às vezes, dói. Não podemos evitá-la. Poder sem verdade é autoritarismo.
Na Terra, a igreja não é composta por anjos, mas de seres humanos, com as fragilidades que lhe são próprias.
Quando, por algum equívoco, quiseram considerá-la feita, perfeita e imutável, aumentaram suas crises, seus paradoxos e suas dissensões. A Igreja vive, naturalmente e sofre as agruras do seu mundo, porque é solidária com ele.
Diante de grandes embates, consegue manter-se de pé. É muito mais forte que seus “algozes”. Mas a Igreja não existe para vencer ninguém. Existe para convencer as consciências e para fazer irmãos. A força da Igreja é a Palavra e o Testemunho; é a coragem, a determinação e a firmeza; a vida e a luz que propaga.
A Igreja, como toda a natureza viva, vive seu percurso: um movimento de mudanças permanentes, adaptada aos ciclos vitais do universo. O transitório muda e o essencial permanece.
Os acomodados querem que o transitório seja permanente. Daí as falhas.
Confiar é preciso, mas participar, como sujeito, é essencial. No Cristianismo as pessoas são sujeitos e não objetos. A consciência cidadã é essencial ao cristão. “Confia e não perguntes”, não é atitude cristã; é repressão.
Vivemos tempos sucessivos e contínuos de Primavera, Verão, Outono e Inverno. Tempos de Natal e Epifania; Morte e Ressurreição; de Pentecostes e Difusão; de Consolidação, Fraquezas e Perseguições. Num mesmo tempo podem ser vividas as quatros estações, pelos quatro cantos do mundo. Esta é a condição da vida entre os humanos.
No nosso mundo há elementos permanentes, elementos mutáveis e elementos transitórios, alguns precários. Há sempre em todas as instituições, tendência a fazer perenes os elementos transitórios e até os precários, ao sabor de interesses circunstanciais.
O poder é tentador; seduz as pessoas fracas e inseguras.
Na igreja não é diferente. Todos precisamos tirar a máscara, para nos vermos no espelho como somos, e assim nos apresentarmos. Precisamos reencontrar o amor incondicional, dentro de nós. É lá que ele está.
Sinto a Igreja como um espaço de liberdade. Nunca como um espaço de opressão. Nunca como um espaço de obscuridade.

3. Quero, aqui, realçar as forças dinâmicas da Igreja, que na sua matriz perene, sustenta-se na mutação, na diversidade e na adversidade.
A Igreja nunca será uma instituição acabada. Ela se faz a cada dia. Sofre a cada dia as dores da vida. É uma Igreja composta e gerenciada por humanos e não por anjos. Precisamos reconhecer e aceitar esta condição.
Sofre as muitas fraquezas de muitos dos seus filhos, dos mais simples aos mais altos da hierarquia.
Pessoas da alta hierarquia da Igreja, aliás, de todas as igrejas, cometeram crimes cruéis, vexatórios e até hediondos, através da história. Mais importante do que chorar tanta indignidade é aprender a lição. Até porque há um outro lado: Pessoas da mesma Igreja, aos milhões, fizeram, por toda a parte, ações admiráveis, beneméritas...É praxe histórica, os “donos” do poder tentarem subjugar os “súditos”. Na Igreja, via de regra, é diferente.
Não é novidade que houve negatividades, no Cristianismo. Isso é narrado em prosa e verso, muitas vezes de modo tendencioso e persecutório, por milhares de livros, etc, etc. Mas o que é mais grave é que muitos não aprenderam a fazer a lição de casa...
Numa sociedade doente, o vírus pode ferir todo e qualquer humano.
É natural que assim seja, como é natural que sempre rejeite o mal e opte pelo bem. Questão de opção... Questão de consciência...
Ninguém pode se espantar se um ou outro eclesiástico cometer algum deslize. É natural, numa instituição de humanos, numa sociedade doente.
Padres, Bispos, Cardeais e até o Papa, podem errar. É bom que assim reconheçam. Faz parte da condição humana. Mas a Igreja jamais poderá compactuar com o erro. Deve pois detestá-lo e corrigir os culpados. A impunidade é a mãe de todos os vícios, diz-se.
A alegria e a esperança sempre brilham no rosto da Igreja, nas mais desencontradas ou auspiciosas circunstâncias. Esta é a Igreja do Evangelho.
Na Igreja, temos outros cinco macaquinhos que nos convidam a ver, ouvir, falar, pensar e agir.
Esta é a minha Igreja: tão humana que é divina e tão divina que é humana.
Isto me fez lembrar um belo poema de Fernando Pessoa: “O Meu Menino Jesus” (para ouvir, clique)

II – PEDOFILIA, CONSPIRAÇÕES E RENOVAÇÕES

4. Por tudo isto, é muito estranho o escândalo que se levantou, contra a Igreja, porque foram detectados casos de pedofilia, entre uns poucos padres da Igreja. Não foi levado em conta que a Igreja vive a crise e as dores e horrores de nosso mundo desconcertado e às vezes desconcertante.
A Igreja é vítima e não culpada, nos casos de pedofilia que vitimou alguns de seus pastores.
Não é a Igreja que está em crise, no caso da insólita pedofilia. Quem está em crise é o mundo onde está a Igreja. A crise não está vegetando na igreja. Está vegetando no mundo e por tabela, atingindo também alguns, muito poucos, membros frágeis da hierarquia da Igreja, em meia dúzia de países. Uma parte mínima do clero... Mas um só caso já merece toque de alarme e tomada de decisões preventivas.
Num mundo onde se registram mais de quinhentos (500) casos de queixas de agressões pedófilas, por dia, os casos que atingiram a Igreja são, estatisticamente de valor nulo. Nem por isso a Igreja pode deixar de corrigi-los e puni-los.
A pedofilia é hoje uma praga social, atingindo centenas de meninos e meninas, diariamente, por todo o mundo.
Em alguns países árabes, a prática é socialmente aceita, havendo “casamento” de adultos com meninas de 4 a 10 anos (?!).
Moralmente a sociedade, nos últimos 50 anos, foi atingida por “doenças” anômalas.
Corrijam-se os casos ocorridos na Igreja, mas sabendo que a Igreja é vítima de uma sociedade que vai perdendo princípios norteadores e se desgovernando. A sociedade, hoje, já pede socorro, por tantos desmandos...

5. Mais grave ainda do que os casos eventuais de pedofilia, é o tratamento que a imprensa “sensacionalista” deu ao caso, agredindo escandalosamente a Igreja Católica, com insultos e injúrias, numa atitude persecutória e discriminatória, que alguns classificaram como conspiração.
A notícia dos casos raros de pedofilia, na Igreja, foi trombeteada pelos quatro cantos do mundo, 24 horas por dia, em milhões de meios de comunicação. Uma verdadeira campanha de desacreditação: claramente uma conspiração muito bem articulada, em alguns centros de elaboração e seleção de notícias e de orquestração de pauta.
Certamente abalou a credibilidade da Igreja em milhões de ouvintes. Quase uma chacina moral...
Não menos grave foi o tratamento inábil que a Hierarquia Superior da Igreja deu aos fatos. Deixou-se acuar, por falta de visão de conjunto, contaminada por ideologias políticas espúrias, que não respeitam a presença da Igreja na Civilização e aproveitaram o ensejo para tentar desmoralizá-la.
Não é a primeira vez que a vítima é julgada culpada.


6. No entanto, eu considero que mais importante do que as ocorrências da deplorável pedofilia, é que a Igreja aproveite o momento de “crise”, que a Providência lhe oferece, para repensar sua mensagem, suas estratégias e sua atuação, no nosso mundo atual, sem máscara e sem retoque.
Nunca o mundo precisou tanto da Igreja, do Evangelho, como em nossos dias.
No trabalho citado no início do texto, enviado aos diversos departamentos da CNBB, no dia 06.05.2010, faço umas dez propostas formais de revitalização da Igreja. Confira. Posicione-se.
A Igreja precisa aproveitar o grande abalo que acaba de receber, para rever sua estratégia de Evangelização. Terá muita, muita coisa, para reconsiderar. A Providência convoca. Dizer não é deserção... “Por uma omissão perde-se uma nação”, diz o Grande Vieira.
A Igreja não pode se perder em questiúnculas. Precisa ir ao essencial: Mudar o que deve ser mudado... Já.
Convido a todos a rezar, com S. Francisco de Assis, em texto adaptado:
Senhor, dai-me perspicácia
para distinguir o essencial, do circunstancial,
e o eterno, do provisório.
Dai-me força para mudar
O que pode ser mudado...
Resignação para aceitar
O que não pode ser mudado...
E sabedoria para distinguir
Uma coisa da outra”.


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Para saber mais: